SOBRE SENTIR

Escrevo com coração partindo aos pedacinhos, já adormecidos de tantos tropeços, erros, deslizes, desfeitos, deslaço desfeitos, escrevo com a imensa vontade de não ter tido razões para escrever nenhuma delas, um dia você apareceu na minha vida da forma mais comum do que poderia imaginar, o coração que já estava nos desfecho de suas tentativas falhas de corresponder a qualquer tipo de sinal de sobrevivência, a pergunta inquietante de minha cabeça, mais coração senti? Sentir é uma das melhores razões para nos inundarmos de sensação provavelmente intraduzível, quando se desacredita em tudo, até conhecer alguém.

E quem seria esse alguém, e pra que entrar na vida da outra pessoa, e pra que fazer senti-la? E pra que tantas horas querendo saber da vida, se de sua vida pouco importa. Pra que tanto pra que, e tantos por que. Se a vida seguia tão bem sem você.  Não tão bem quanto ouvir a sua voz e o sussurro do seu riso. Não também como a forma que se encabulado com minhas perguntas irrespondível, não tão bem quanto o plano nada anormal do que fizemos  e dos sonhos possíveis que desejamos realizar. Não tão bem quanto à curiosidade inacabável de te ver, te sentir, e tocar, sentir teu cheiro, sentir teu corpo no meu e se sentir protegida, mesmo sabendo que não estaria não para sempre, mais pelo menos aquele instante, aquele exato instante que havia ensaiado no puro deslize da consciência, mesmo sabendo que essa coisa não se faz, se deve deixar ir, se deve deixar acontecer, mesmo sem saber qual é o meu dever.

O que devo fazer, a não ser fica deitado no sofá tomando chocolate quente, pra ver se me esquento do frio grande que faz aqui, ou se devo simplesmente agradecer por ter um sofá  e um chocolate quente essa noite, se assisto um daqueles filmes românticos, até chorar pela sensibilidade que me foi dada como melhor defeito. E esperar a sorte bater na minha porta e pergunta se tem alguém precisando de mim por aqui. 

Jussara C