E a gente
há de se encontrar um dia desses qualquer, não mais importante, e vamos sorrir
educadamente como quem não quer nada, mais que por pura educação e respeito trataríamos
o próximo com carisma, estava dentro da gente o sorriso estampado pra quem quer
que seja o enviado, agiríamos como completos desconhecidos, vividos de um passado
tão distante mais tão próximo da bagagem esquecida no tempo. E a primeira frase
seria “nossa há quanto tempo não nos vemos”, pois é e ai já casou? Teve filhos?
Formou-se? Ta trabalhando? Não me atreveria a perguntar nada, mesmo com a
imensa vontade de saber de seu tudo, e se havia realizado os sonhos que havia
me contado se ainda gostava de rock ou MPB, se continuava comendo mais massa do
que frutas e verduras, se já decidiu o que vai ser quando crescer se implica
menos com as pessoas, se aprendeu falar inglês, se ainda usa o mesmo número, se
frequenta os mesmo lugares, se fez novos amigos, se aprendeu alguma coisa nova,
se amou outra vez, ou se amou pela primeira vez, se teve dias difíceis, se teve
dias felizes, se ler as mesmas histórias, se ainda dorme de meias, se toca
instrumentos, se deu mais atenção a sua família, se fez aquela tatuagem, se
joga futebol, se toma alguma bebida alcoólica, se terminou o quadro que começou
a pintar, se ainda tem medo do escuro, se só assiste filme comendo pipoca, se
ainda gosta de massagens, cafuné, e beijo atrás da orelha, se te deixei
saudade, se guardou as minhas cartas, meus emails, se me deixou sem desejar, e
se ainda recorda de alguma coisa por menor que seja de nos dos. Não tivemos
tempo nem pra isso nem para nada mais, o Carlos me esperava na sorveteria do
outro lado do shopping e a Ana gritava por ele a poucos metros de distancia ”amor
a sua filhinha quer levar toda a loja de brinquedos.”
Jussara Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário