Havia um turbilhão de sensações e
pensamentos dentro dela, não conseguia comer bem, dormir bem, fazer qualquer
coisa de útil bem, só sabia que não queria mais esta ali, ocupando aquele lugar
vazio no sofá da sala e vendo coisas fúteis na TV, ocupando o espaço na mesa ao
invés de oferta-lo para quem de fato sentisse fome, ocupando a cama e o
conforto de seus lençóis macios e sedosos onde na verdade não conseguia se quer
senti-los. Ocupando a fotografia na estante sorridente como se fizesse isso frequentemente.
Ocupado as bagagens de suas ocupações desnecessárias e a desordem exatamente do
seu jeito desajeitado de ser. Ocupando o tempo alheio sem que demonstre-se que o tempo não foi tão
perdido assim. Ocupando o lugar na igreja, na fila do banco, na cadeira do
vizinho, no abraço escondido no temível olhar de retribuí-lo sem se importar
com o depois. Ocupando a esperança perdida que fez o grande favor de me levar junto com a sua
partida.
Jussara Costa
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