Bem que eu
deveria saber viver sozinho, só que não. Sozinho, sou o vazio incalculável da
ocupação necessária dos moveis da casa, dos ruídos de outro suspiro, sozinho
sou deserto, sou desespero, passageiro mais repetitivo, sozinho sou medo do
escuro tanto como do claro, sozinho sou sufocação, agonia, melancolia, sou
todas essas coisas exageradas ao excesso extremo da solidão.
Sozinho,
sou o medo do agora, sem esperar nada para depois. Sozinho, sou o doce, amargo,
melodias sem harmonia, árvores sem frutos, jardim sem flores, cidade sem casas
e sem vizinhança, sozinha sou navio sem tripulação, céu sem estrelas, sou
desconsolo da própria agonia, sozinho não sou ninguém, não sou alguém, sou só consequência
da respiração.
Sozinho não
sou estresse, barulhos, bagunças, ouvidos, sorrisos de ninguém, sozinho sou ser
sem razão, sem problema, sem solução, sem nada. Sozinho sou o tipo feliz disfarçado
de humano realizado por ter o emprego desejado, o apartamento esperado, a TV de
muitas e tantas polegadas, desligada, esperando você voltar pra assistir o
filme que combinamos assistir semana passada. Por isso volta porque sozinho não
sou e nem serei nada do que fui com você, só com você e mais ninguém.
Jussara Costa
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