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sábado, 9 de novembro de 2013

SOZINHO



Bem que eu deveria saber viver sozinho, só que não. Sozinho, sou o vazio incalculável da ocupação necessária dos moveis da casa, dos ruídos de outro suspiro, sozinho sou deserto, sou desespero, passageiro mais repetitivo, sozinho sou medo do escuro tanto como do claro, sozinho sou sufocação, agonia, melancolia, sou todas essas coisas exageradas ao excesso extremo da solidão.
Sozinho, sou o medo do agora, sem esperar nada para depois. Sozinho, sou o doce, amargo, melodias sem harmonia, árvores sem frutos, jardim sem flores, cidade sem casas e sem vizinhança, sozinha sou navio sem tripulação, céu sem estrelas, sou desconsolo da própria agonia, sozinho não sou ninguém, não sou alguém, sou só consequência da respiração.
Sozinho não sou estresse, barulhos, bagunças, ouvidos, sorrisos de ninguém, sozinho sou ser sem razão, sem problema, sem solução, sem nada. Sozinho sou o tipo feliz disfarçado de humano realizado por ter o emprego desejado, o apartamento esperado, a TV de muitas e tantas polegadas, desligada, esperando você voltar pra assistir o filme que combinamos assistir semana passada. Por isso volta porque sozinho não sou e nem serei nada do que fui com você, só com você e mais ninguém.

Jussara Costa



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