DONA MORTE

Me diga dona morte, o que faz no meio de nos tão cedo, e nos leva sem se quer nos despedir de quem amamos, me diga dona morte, porque as vezes tão traiçoeira, e tão cruel com tanta gente, não temos nem direito de nos pronunciar diante de ti, e dizer espere mais um pouco dona morte, tenho muito coisa ainda por corrigir, sem contar com apropria sorte de dizer, espere ai deixe-me chegar na minha casa, abraçar meus filhos, e minha família, e dizer  que tenho que partir, me diga dona morte, qual é sua missão além de matar vidas pela metade,  será destino, será acaso, será a maldita sorte de atravessar a rua justamente quando passa um vilão, será porque era a minha hora, ou foi só erro de digitação, me diga dona morte, porque levas tão cedo tanta gente que ainda espera muito para viver, porque destrói tantos sonhos muito antes de vencer, porque deixa tantos corações partidos sem ao menos entender, o porque?, Diga-me dona morte qual é o seu papel, além de me levar contra minha própria vontade, ninguém pretende partir antes da hora. Mais quando é a minha hora? Que minha hora seja quando estiver bem velhota, quando tiver realizado, pelo menos a metade dos meus sonhos, construído minha família, e tiver com uns 10 anos aposentado, se é que eu vou me aposentar. Quando meu corpo já não permitir tantos esforços, e minha memória só resta alguns sorrisos, de que vivi, lutei, e amei, e que agora sim, convido dona morte para me visitar e me conduzir até o meu novo lar.

Ps: O número de mortes na adolescência cresce constantemente, e de uma forma traumática, acidentes, bala perde, violência, maior parte dela causada pela irresponsabilidade do homem, e de outros que pagam as conseqüência desses actos, e a sociedade se conforma, achando que “chegou a hora” e tão pouco não percebe que os homens tão causando a sua própria morte.

Jussara Costa