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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

SE NÃO FOSSE TARDE...



Se não fosse tarde eu diria que estaria aqui de braços abertos pra te receber, se não fosse tarde eu estaria ansiosa com a tua chegada, se não fosse tarde, talvez estivesse fazendo planos para 24horas felizes ao seu lado, e buscaria o possível para que cada momento junto valesse muito mais do que os dias distantes. Se não fosse tarde eu faria planos para o depois, mais me alegraria com a sua simples chegada. Se não fosse tarde eu faria de tudo para adiantar o relógio, pra ver se ainda haveria tempo pra colocar a bagunça em ordem e decidir perder o medo do depois. Se não fosse tarde te ligaria agora para dizer que você tem tornado os meus dias mais felizes, que você me deu razões para acreditar que tudo poderia dar certo, que dependeria somente que as horas passarem um pouco mais depressa. Se não fosse tarde eu arrumaria o quarto de hóspede, ou um cantinho na sala e te convidaria pra passar o fim  de semana com a minha família, fazer bobagens assistir filme, comer besteiras e ver os dias passarem sem se quer perceber. Se não fosse tarde eu cantaria pra você dormir e  colheria flores no jardim e te levaria no dia seguinte. Se não fosse tarde faria você enxergar com os meus olhos e eu enxergaria com os seus também, e ai se algum momento um dos dois fechassem os olhos saberíamos que haveria mais alguém olhando na mesma direção que estaríamos olhando. E com prazer contaria que aquele lugar nunca será o mesmo sem o seu olhar. E na volta para casa encontraria um bilhete amassado no bolso da bermuda: “ainda bem que não é tarde”.

Jussara Costa

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O VIAJANTE



Então eu que nunca sai de casa, nunca viajei pra distante, mais sempre calculava na prazerosa arte de sonhar, um dia ainda saio viajando por ai conhecendo lugares, pessoas, culturas diferentes e vou me aventurar como nunca. Mas depois de certo tempo, dias de trabalho, percebi que demoraria um pouco a tão desejada viajem, no instante percebi que eu já fazia parte dela.
Somos viajantes mesmo que nunca tenha saído de onde nascemos, ou para onde nos mudamos depois de um tempo, trilhamos um caminho do qual sabemos a data de nossa chegada, mais nunca a data de nossa partida, se haverá tempo para conhecer os lugares que tanto almejou, ou simplesmente permanecer ali onde abriga os pais, irmão, amigos da escola, vizinhos e a tão entediante monotonia.
Somos viajantes, e onde quer que estejamos, ou por quantas vezes passamos repetidamente pelo mesmo lugar, sempre haverá algo novo para descobrir, sempre haverá um riso novo para desvendar. E qual viajante não necessita de um sorriso para respirar? Um jeito novo para encarar os delírios de um mero viajante, que só deseja encantar seus olhos e sua boca com as deslumbrantes formas de viver e amar.
Viajantes pensantes ou não, faça da sua viajem um aprendizado constante, seja o ensinamento que outros passageiros necessitam enxergar. Seja você mesmo o cartão postal de sua viajem. E ao menos uma vez percorra os lugares que andam com frequência, devagar, a ponto de enxergar que a viajem está só começando.
 Jussara Costa



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

MAIS UMA DE AMOR



Me leve para onde ninguém me levou me mostre o que ninguém me mostrou, me diga o que ninguém me falou, me ensine o que ninguém iniciou, e prometo que farei o mesmo, ou melhor, promessa é coisa de gente fraca, te devolvo até em dobro se assim for. Mas guarda como um tesouro valioso que só eu, você e as estrelas podem saber. Guarda como um segredo maior do que os medos do mundo, maior que a coragem também. Guarda porque o segredo não é só meu nem é só teu, é nosso. E por essa e muitas outras razões guarda como quem não descuida de um grande amor.

Jussara Costa

terça-feira, 17 de setembro de 2013

RABISCOS...


É preciso perder o movimento dos pés, para valorizar a caminhada.
É preciso perder o movimento dos braços para reconhecer o aconchego de um abraço mais do que um aperto de mão.
É preciso perder a visão para enxergar a beleza que tinha a natureza e as pessoas que lamentavelmente olhamos com tanta pressa.
É preciso perder um estranho, para saber que ele era tão normal quanto qualquer outro, e, além disso, tenha alguma coisa em especial necessária ao mundo.
É preciso perder, para reconhecer como era boa ter.
Ter não significa ser, digno do merecimento, ter vai além do espelho, ter é tão invejável que qualquer estranho poderia desejar ser você.
Ter era a única coisa que tinha e ainda assim vivia a lamentar-se da falta de sorte, até que um dia deixou de ter, ser, ver o que a vida tinha lhe ofertado como mérito de seu esforço ou não, e foi preciso tudo isso acontecer para perceber que a vida não era tão lamentável assim. 

Jussara Costa

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

GOTAS DE SAUDADE



Saudade da força, da energia que não se perdia com a noite, da disposição contagiante para tudo, menos para fazer o dever ou ajudar a mãe em casa. Saudade da força inquestionável de onde se tirava da vontade de não está quieto, á não ser nos dias de dores de dente, febre alta, a pesar de que na maioria das vezes essas pequenas dores não era precipício para correr de pés de calço no quintal de casa, subir no monte de areia como se estivesse escalando uma montanha, de quebrar as coisas achando que estaria consertando-as, de fazer comida com plantas, de riscar a parede de casa como se estivesse fazendo uma grande obra de arte, mesmo que alguém falasse que aquela obra não era tão bonita quanto acreditava no mínimo a gente chorava e depois continuava os rabiscos mais uma vez.
 Saudade de quando conseguia fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo, comer, brincar e se bobear fazer uns cinco tipo de caretas. De chorar até que alguém venha nos socorrer. De não inventa desculpa esfarrapas quando alguém nos fizesse um simples convite para correr no calçadão, vê um filme, tomar um sorvete, ver um amigo. Saudade da disposição da juventude, e olha que não sou tão velho assim e olha que a velhice talvez seja inventada, e olha que adormecer é questão de querer, e olha que o olhar às vezes engana. E mesmo não sendo tão velho assim sigo o roteiro do cansaço que nos batizamos ter. A energia deveria durar até quando a gente durar sabe, então chega um dia que todas as vitaminas, carboidratos não farão mais efeito algum, a força tem que vir de dentro do interior, eu que devo decidir se o cansaço vai me vencer ou não.
Saudade do tempo em que conseguia tornar qualquer coisa objeto para minha diversão, e olha que não sou tão velho assim.
Jussara Costa